viagens
Aqui vai o relato de nossa viagem que fizemos de 05 a 29 de janeiro de 2011. Fomos em duas motos: eu e minha esposa, Ana Carolina numa V-Strom 650. E o amigo Sanches numa Boulevard 800.
DIÁRIO DE BORDO
Acordamos, tomamos o café da manhã, paguei o hotel e saímos. Na saída de Neuquén, pegamos um trânsito terrível. A pista era simples e havia muitos caminhões. Foi muito complicado esse momento que durou mais ou menos uns 30 ou 40Km. Confesso que fiquei preocupado. Se a pista continuasse daquele jeito, não andaríamos quase nada no fim do dia e estaríamos muito cansados pelo estresse. No entanto, felizmente, fomos passando os caminhões até que a pista ficou livre e pudemos seguir em frente sem maiores problemas. O dia estava fresco e pegamos algumas rajadas de chuva, trazidas pelo forte vento lateral direito. Era engraçado isso. Víamos a chuva que caía longe à nossa direita, mas, mesmo assim, pelo forte vento, respingava em nós. Nesse dia, experimentamos um vento lateral muito forte. Ele se torna ainda mais perigoso quando vamos ultrapassar os caminhões, pois durante a ultrapassagem, o caminhão esconde o vento, mas quando o passamos recebemos aquela pancada. Temos de ficar muito atentos ao guidão nessas horas. Após 160km mais ou menos, fizemos nossa primeira parada e uma chuva fina caiu sobre a gente. Abastecemos e comemos alguma coisa e quando fui pagar, dei falta do meu cartão de crédito Visa. Foi aí que me dei conta de não tê-lo pegado quando paguei o hotel pela manhã. Na Argentina de modo geral, e nesse hotel não foi diferente, ao passar o cartão, o atendente nos dá primeiro nossa fatura separado do cartão. Então, se estivermos distraídos, pegamos a fatura e esquecemos de pegar o cartão. Foi o que aconteceu comigo. Aí ficamos quebrando a cabeça em como resolver o problema. Depois de algum tempo, ligamos para o Brasil. Confesso que não sabia como fazer isso. Felizmente, meu amigo de viagem já tinha feito ligações para o Brasil, então ele me ensinou. Essa foi mais lição: aprenda a ligar para seu país e leve os números importantes já escritos no papel. Fiz várias ligações, mas davam sempre ocupadas. Até que consegui falar com um atendente via o número do cartão da minha esposa. A atendente, muito solícita, cancelou imediatamente o cartão e já encomendou outro. A atendente foi muito eficaz. Não tive nenhum problema em cancelar o cartão e, assim que cheguei ao Brasil, recebi meu outro cartão Visa. Depois de ter falado com a atendente, liguei para o hotel. O recepcionista se desculpou, eu disse que o cartão já estava bloqueado e que ele podia jogá-lo fora. Ufa, até que não houve maiores problemas, mas perdemos mais ou menos 1h por esse motivo. Em termos foi até bom, pois a chuva amainou e saímos. Enquanto estávamos lá no posto, conhecemos um casal de motociclistas argentinos que viajava com uma moto pequena, tipo nossa XRE 300. Enquanto eles estavam vestindo a capa de chuva, conversamos um pouco e logo eles saíram e nós ficamos resolvendo o problema do cartão. A pista, logo à frente, estava sendo reformada, então era obrigatório uma parada até liberar a outra pista. Esse casal argentino parou, mas o carro que vinha atrás, não. Resultado: o carro pegou esse casal. A moto quebrou pouco, o piloto praticamente não se machucou, mas a garupa teve o pé cortado e foi levada para o hospital. Felizmente, não era nada grave. O motorista disse que não viu, é mole?! Foi uma lástima, paramos, conversamos com o rapaz piloto. Ele nos disse que estava tudo bem, e então seguimos viagem. Depois, nós três, eu, Carol e Sanches, ficamos refletindo sobre o acontecido. Se eu não tivesse sentido a falta do cartão e parado para resolver esse problema, provavelmente seríamos nós que ficaríamos no lugar do casal argentino. É apenas uma hipótese, claro, mas ficamos matutando sobre esse fato do destino... Nosso objetivo naquele dia era a cidade de Coronel Pringles. No caminho, o tempo escureceu bastante e achamos que pegaríamos uma chuva danada, então aceleramos bem. Felizmente, não pegamos chuva nenhuma e a rodovia até Coronel Pringles é muito bonita, principalmente pelos campos de girassóis. Nessa rodovia se encontram os mais belos campos de girassóis que vimos em toda nossa passagem pela Argentina. Foi aí que bolei a frase mais gay de toda a viagem: “Senti uma vontade louca de ser uma margarida no meio de todos aqueles girassóis.” A cidade de Coronel Pringles nos cativou instantaneamente. Deu-nos a impressão de uma cidadezinha bem pacata, parada no tempo e feliz. Fomos até o Avenida Hotel. Recomendadíssimo. Fica na Av. 25 de Mayo y Dorrego, 7530. www.pringles.com.ar/avenida O hotel é antigo, mas confortável e tem restaurante. Fomos atendidos pela proprietária que é muito gente boa, muito prosa. Depois de guardarmos as motos na garagem do hotel, fomos para o restaurante do mesmo. Como o tempo estava chuvoso, não saímos para conhecer a cidadezinha, o que foi uma pena. Do restaurante do hotel, que fica na esquina, tem-se uma vista muito boa das ruas, é um cruzamento, pois as janelas são amplas e de vidro. O som ambiente do hotel tocava aquelas músicas antigas dos anos 70, românticas, e lá fora aquela chuva forte. Com todo esse cenário, imaginei um episódio do Arquivo X. Parecia que estávamos numa outra época, parecia que tínhamos voltado ao passado. Foi uma sensação estranha e interessante. Para completar o cenário surreal, atrás de nós sentou-se um argentino que trabalha com representação de máquinas agrícolas. E ele já morou no Brasil por vários anos, então falava muito bem o português. Ele é também professor de mergulho e foi assim que viveu em Florianópolis por vários anos. Como se não bastasse, ele também é motociclista e já veio pra o Brasil de moto. Ele foi muito simpático e conversou bastante conosco. Como ele estava com notebook, viu para nós a previsão do tempo para o outro dia que era de sol ou, no máximo, nublado. Depois, jantamos, tomamos várias cervejas e fomos dormir. Foi um dia muito legal. No outro dia, sairíamos da Argentina pelo BuqueBus. Então, estávamos bastante ansiosos pelo dia seguinte.