viagens
Nesta viagem fui até a cidade mais ao sul do planeta, Ushuaia. Conheci várias regiões da Patagônia tanto argentina quanto chilena.
DIÁRIO DE BORDO
23.jan.2012, segunda-feira – vigésimo primeiro dia – 986,2Km – De Junin de Los Andes a Santa Rosa. Das 9h30 às 19h30, 10h de pilotagem. 11.146,7Km rodados desde Ribeirão-Preto.
Hoje o dia foi longo pra caraio. Quando saí, o tempo estava bom, mas no meio do caminho havia uma pedra, digo, chuva. Então tive de colocar toda a tralha anti-chuva. Mas no meio do caminho havia outra pedra, um piquete dos trabalhadores em Neuquén. Pelo jeito, eles vivem fazendo piquete. Ano passado, disseram a mesma coisa. Sorte nossa que, ano passado, não houve nada. Este ano, para compensar, encontrei o piquete, justamente quando a chuva começou a se intensificar. Paramos no piquete e fui vestir a tralha anti-chuva. Um caminhoneiro parou do lado, pois fui para o acostamento. Puxou conversa e, depois, me convidou para subir na cabine do caminhão enquanto esperava a chuva passar. Foi sensacional, muita gentileza dele. Tenho encontrado pessoas assim, a viagem inteira e, nesse dia, uma surpresa maior me aguardava. Quando cheguei a Santa Rosa, a corrente já estava estalando de novo. Nem tinha a intenção de trocá-la ali, mas vi um motociclista num semáforo e perguntei a ele sobre um hotel na cidade. Ele disse para eu encostar para conversarmos. Perguntei a ele sobre um hotel e uma oficina mecânica. Ele disse que à frente morava outro motociclista e poderíamos perguntar a ele. E fizemos isso. Apareceu um cara bem gordo que nos deu as informações de que precisávamos. Ele tem uma Shadow 600 customizada. Está pintada de verde. Depois das informações, o motociclista com quem conversei no semáforo me levou a três lojas de peças para moto. Na segunda, um senhor bem simpático disse que poderia resolver o problema da transmissão, mas teria de tirar a coroa e o pinhão para fora para ver o tamanho, etc. Seu irmão tem uma oficina no fundo e é torneiro mecânico. Se não encontrássemos a peça ideal, ele poderia adaptar. Depois de rodar a última loja, que não tinha a transmissão, o motociclista, até agora eu não sabia o nome dele, me levaria ao hotel sugerido pelo gordo de que falei antes. Mas então, surpreendentemente, ele me convidou para dormir na casa dele. Fui. Relutante. Agora penso que essa relutância foi muito idiota da minha parte. Essas são as melhores partes. Quando alguém que você não conhece irá te convidar para sua própria casa? Essa foi a melhor parte do dia. Cheguei à casa dele, simples, mas toda construída por ele mesmo. Toda ela, menos a parte elétrica. Uma casa extremamente aconchegante, com gente alegre. Além da esposa, Maria, ele tem três filhas. O irmão dele, Rubem, motorista de ônibus, estava lá, pois estava se recuperando de uma fratura no pé. Enfim, fui muito bem recebido. Coisa linda de se ver e se sentir. O nome dele é Luís. Mi Hermano de agora em diante.